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A supervalorização da virgindade feminina

Se tem algo que permanece da mesma maneira desde os primórdios da humanidade, é a supervalorização da virgindade feminina. De tempos em tempos, assistimos a notícias como leilões de virgindade ganham fama ao mostrar o tanto que os homens são capazes de pagar para transar com uma mulher virgem.

Mas de onde será que vem essa fantasia? Por que os homens são tão fanáticos quando se trata de “tirar” a virgindade de uma mulher? Qual será o mistério que permeia a virgindade feminina que leva aos homens jovens a querer tirar a virgindade das namoradas para ter a certeza de que serão os primeiros e únicos?

O contexto histórico da supervalorização da virgindade feminina

Pode-se dizer que a supervalorização da virgindade feminina teve início a partir do momento em que se teve a consciência de que a participação do homem é necessária da concepção de uma criança. Por conta disso, os homens queriam ter a garantia de que a mulher só tinha estado (sexualmente) com ele.

A insegurança de não ser o primeiro homem de uma mulher poderia levar os homens a ter dúvidas quanto a sua prole. Tirar a virgindade da mulher era um ato visto como garantia de que os filhos eram realmente desses homens.

Além disso, em termos religiosos, existe o forte simbolismo de a virgindade ser associada à pureza. Na história de Adão e Eva, “ao compartilhar a maçã do pecado”, eles perderam e pureza e a inocência. E a mãe escolhida para ser a mãe de Jesus Cristo era uma mulher virgem e pura.

Daí se vem o termo “perder” a virgindade, como se estivesse perdendo algo muito importante. A “perda” da virgindade, principalmente para as mulheres, costuma ser associada a algo negativo, como se elas estivessem perdendo a pureza e a inocência e não apenas iniciando mais uma etapa da vida: a vida sexual.

Mas em que consiste a virgindade feminina?

Há quem considere que a virgindade feminina é “perdida” quando a mulher tem a sua vagina penetrada por um pênis. Mas será que é só isso mesmo? Afinal, se a “perda” a virgindade marca o início da vida sexual da pessoa, outros tipos de contato sexual não fazem com que a mulher deixe de ser virgem?

Se a mulher já teve contatos sexuais como ser apalpada em seus seios, vagina e demais zonas erógenas, já fez e recebeu sexo oral, sexo anal, já foi masturbada por outra pessoa, já masturbou outras pessoas e, ainda assim, nunca teve a vagina penetrada por um pênis, ela ainda é considerada virgem?

Tecnicamente, considerando que perder a virgindade consiste em ter a vagina penetrada por um pênis, poderia se dizer que sim. Mas a partir do momento em que passamos a enxergar a virgindade como o início da vida sexual da mulher, pode se dizer que não.

A supervalorização da virgindade feminina nos dias de hoje

Hoje, a virgindade feminina ainda passa por uma grande supervalorização. Enquanto, com relação a virgindade dos homens, ainda acontece o contrário: quanto antes eles perderem, melhor.

E tudo isso pode ser visto publicamente quando noivas anunciam os seus “Certificados de virgindade” ou fazem partes de movimentos como o “Eu escolhi esperar”. Para elas, é muito mais “bonito” fazer parte desse tipo de abstinência pré-nupcial do que para os homens.

Por que alguns homens fantasiam tanto com as virgens?

Quando se trata da virgindade feminina independentemente de casamentos ou relacionamentos sérios, ainda é uma fantasia muito grande na mente masculina “tirar” a virgindade de uma mulher. Esse é outro fator que contribui muito para a supervalorização da virgindade feminina. Mas por que isso acontece?

Pode ser pelo fato da associação da virgindade com a pureza e a inocência. Ou também por conta de as virgens hoje serem consideradas como “espécies em extinção”. Então, encontrando uma dessas raras espécies, por que não aproveitar?

Outro ponto que é muito comum é com relação à insegurança masculina. Certos homens, que têm dúvidas quanto à própria performance sexual, preferem saber que estão com uma mulher “inexperiente”, de maneira que não terão o seu desempenho julgado por ela.

Concluindo...

A supervalorização da virgindade feminina não passa de mais um dos tabus relacionados ao sexo. Sabe aquela velha história de que a mulher deve ser santa, pura e inocente? E que não pode gostar de sexo ou tomar a iniciativa? São questões que alimentam esse valor excessivo dado a virgindade da mulher.

Quantas mulheres não se sentem mal ao ver o grande valor que é dado à virgindade delas? Ainda mais quando já a “perderam”? Por que não valorizar uma vida sexual feliz e saudável? Um bom relacionamento com a própria sexualidade?

Para muitas mulheres, a virgindade (ou a “perda” dela) pode ser um fardo. E pode fazer com que a mulher não tenha uma relação saudável com a própria sexualidade por conta disso.

Por isso, é uma questão que precisa ser mudada e enxergada a partir de uma ótica mais leve. Afinal, esse início na vida sexual é uma fase pela qual muitas passaram e muitas ainda irão passar. E, estando seguras de que é o momento certo, não importa a maneira ou a pessoa com a qual irá acontecer, é um processo natural e belíssimo.