As infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) correspondem a uma importante questão dentro dos tópicos das doenças infecciosas: junto com os agentes infecciosos transmitidos por comida e água contaminada; com os transmitidos pelo ar; e ainda aqueles transmitidos pelos mosquitos, as IST’s configuram uma sólida ameaça á saúde do indivíduo e, consequentemente, da população.
Uma característica que envolve as doenças infecciosas é que o agente causador se multiplica dentro de um determinado hospedeiro (e também no vetor, como no caso das doenças transmitidas por mosquitos) para assim alcançar o próximo hospedeiro susceptível: se tomarmos água com alguma bactéria que infecta o sistema digestório, ela irá se multiplicar em nosso organismo e, quando expelida (pela diarréia) estas mesmas vão “buscar” novos indivíduos vulneráveis na comunidade (isto potencializado em locais que não tenham condições mínimas de saneamento ambiental).
Os patógenos responsáveis pelas IST’s possuem ciclo de vida similar, mudando o veículo de transmissão: quando duas pessoas fazem sexo e uma delas está infectada com um agente patológico desta natureza, o outro terá grandes chances de se infectar justamente porque a carga do agente estará alto no indivíduo com a infecção – em outras palavras, o agente se multiplicou em seu hospedeiro, e esta procurando novos corpos para manter sua existência.
Claro que aí entra as diferenças e características próprias de cada infecção, isso dependendo basicamente da “biologia” e do “ciclo de vida” do determinado agente infeccioso: as aspas foram usadas porque, apesar bactérias e protozoários causadores de IST’s serem considerados seres vivos, um dos tipos mais famosos de agentes etiológico de doenças infecciosas de natureza sexual não é considerado vivo: os vírus.
A taxa de multiplicação e a consequente infectividade e patogenicidade pode variar entre espécies e tipos de agente: se considerarmos três famosos vírus envolvidos nas IST’s – o HPV, o vírus da Hepatite B e o HIV – veremos que o primeiro é muito mais fácil de ser transmitido do que o segundo em uma relação sexual; da mesma maneira o segundo também é mais fácil de ser transmitido do que o terceiro.
O fenômeno da transmissão não envolve apenas esses aspectos do patógeno: naturalmente também se tem que considerar outros fatores, como as características do indivíduo (sistema imunológico, receptores de células hospedeiras), assim como o tipo de sexo feito (vaginal, anal, oral), e até o uso de brinquedos eróticos.
Por exemplo, sabe-se que o sexo anal sem preservativo gera microlesões e pequeninos machucados devidos traumas gerados pela penetração, isso em uma magnitude muito maior do que o sexo vaginal e o sexo oral: isso explica porque até hoje homens que fazem sexo com homens tem mais chance de serem contaminados com HIV; em contrapartida, o HPV pode ser transmitido pelo simples compartilhamento de copo ou talher.
Sabendo de todos estes aspectos envolvidos nas transmissões dos agentes patogênicos, veem-se a pergunta que vale a sua saúde e bem estar: existe maneira de diminuir o risco para IST`s quando se pratica sexo oral sem preservativo?
Lendo o artigo aqui desenvolvido podemos ver que esta simples pergunta pode ter uma resposta incerta: se disser sim, estamos ignorando muitos patógenos que podem ser transmitidos quando o indivíduo faz sexo oral sem preservativo; se responder não, é desconsiderado que hábitos como lavar-se ou usar produtos antissépticos antes da relação tem efeito na diminuição da carga dos patógenos expostos, o que dificultaria a transmissão dos mesmos.
Para não ficarmos presos nestas reduções simplórias, o ponto é muito simples: sempre use preservativo em qualquer tipo de sexo, seja anal, vaginal ou oral, para assim evitar possíveis surpresas desagradáveis que podem surgir no futuro.
Mas caso ainda queria correr os riscos de praticar atos sexuais sem proteção (em especial quando se faz sexo oral em mulheres, já que não existe preservativo que cubra todo o órgão genital como no caso do pênis) sempre tenha em mente que neste mundo microscópio existem milhões de agentes infecciosos esperando a oportunidade para infectar as células de um organismo (sendo que estas células podem ser suas).
Resumo da ópera: apesar de sexo oral possuir menos risco de transmissão para IST’s, o risco existe sempre que o pratica sem preservativo, por isso não jogue nesta loteria epidemiológica, faça sempre sexo seguro.