Já ouviu falar de kunyaza? Imagine viver num lugar onde o prazer da mulher vem primeiro e todos os homens são orientados a aprender os meios para satisfazê-las. Parece uma utopia, certo? Mas em Ruanda, um pequeno país na África Central, a ideia de que o prazer da mulher deve ser alcançado antes de o homem ter o dele é muito normal e se dá através desta prática.
Além de ser promovido o uso de determinadas posições sexuais e procedimentos para as preliminares, a técnica milenar é utilizada para garantir que as necessidades das mulheres sejam atendidas. Ela, é claro, pode ser usada para casais compostos por duas mulheres – com auxílio de brinquedos eróticos – e por um homem e uma mulher, afinal, tudo indica que a técnica foi desenvolvida para ser realizada por casais heterossexuais.
A técnica promete orgasmos alucinantes e... molhados às mulheres.
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Kunyaza: a técnica matriarcal do prazer feminino
Os estudos apontam que a prática vem sendo realizada há pelo menos 150 anos, pois muitos moradores da terceira idade da região afirmam que seus avós já usavam essa técnica durante a juventude deles. Porém, a lenda que é repassada “de pai para filho” entre homens é que a kunyaza remonta à Terceira Dinastia, pois, aparentemente, ela foi criada por uma rainha em seus dias de solidão.
Segundo os moradores de Ruanda, a rainha da época estava infeliz com a ausência do rei, devido as inúmeras disputas e guerras, então, ela apelou para os serviços sexuais que os seus servos poderiam fornecer. Aquele que foi escolhido a comparecer aos aposentos reais estava nervoso e temendo por sua vida, afinal, trair o rei assim poderia ser fatal. Ao ser ordenado que satisfizesse a sua rainha, o nervosismo tomou conta do homem e ele não conseguia parar de tremer. Em vez de penetrá-la, o seu pênis acabou roçando a região externa e o clitóris inúmeras vezes, causando um inesperado orgasmo na rainha que a deixou completamente molhada com lubrificação intensa. Alguns acreditam que os boatos do quão interessante o ato havia sido se espalharam até se tornar a técnica que passou a ser aperfeiçoada e ensinada às gerações futuras.
O que é exatamente a Kunyaza?
A palavra kunyaza é uma derivação do verbo kunyaàra, que significa urinar, nos contextos mais comuns, mas também pode se referir a ejaculação feminina (que não, não é um mito) quando o assunto é a prática sexual africana. Esse nome foi dado porque grandes quantidades de líquido saem da mulher – quase como um esguicho – durante o orgasmo no sexo que envolve a prática.
Isso é causado pelo estímulo constante realizado pelo pênis do parceiro.
Conheça: 4 diferentes tipos de orgasmo e como alcançá-los
Toda mulher pode esguichar?
Sim, toda mulher é capaz de esguichar, mas nem toda mulher esguicha.
No Ruanda é comum que as mulheres tenham orgasmos durante o sexo porque fazer uma mulher gozar, na cultura deles, é uma questão de honra. Aqueles que não o fazem podem até mesmo ter a masculinidade questionada.
A cultura africana no país incentiva e capacita as mulheres a aceitarem seus corpos, a estabelecerem uma relação sadia com o seu prazer e com o esguicho presente nas relações. As mulheres em Ruanda, empoderadas, admitem que não voltam a ficar com o mesmo homem se este não foi capaz de faze-las ejacular.
Como posso praticar Kunyaza?
A verdade é que a técnica possui dois tipos de variação.
Enquanto uma funciona basicamente como masturbação, a outra pode ser vista como uma preliminar para anteceder o sexo tradicional com penetração.
Estimulação externa
O parceiro (do gênero masculino) estimula primeiro os pequenos lábios da parceira, dando “tapinhas” na vulva e roçando o pênis ao redor.
Após isso, depois de um certo nível de excitação ter sido alcançado, ele passa a estimular as superfícies internas dos pequenos lábios e do espaço compartilhado pelo clitóris, as laterais dos lábios e orifícios.
Em seguida, ele se foca na estimulação do clitóris, pequenos lábios e abertura da vagina.
A remoção dos pelos pubianos da parceira é recomendada para facilitar a manipulação do pênis e intensificar as sensações.
Aqui é possível que haja adaptação para casais lésbicos.
Estimulação interna
O homem penetra a parceira com estocadas superficiais na entrada da vagina, alternadas com estocadas mais profundas, empurrando contra o colo do útero, mantendo movimentos circulares mais exagerados entre as paredes da vagina, quase como a ação de enroscar. Aqui é muito comum o homem segurar o pênis – já que não está inserido por completo – entre o dedo médio e o indicador para estabilizar o órgão durante os movimentos, dando mais firmeza.
A técnica realmente não é das mais fáceis, mas variar entre os dois métodos deve levá-lo a conseguir chegar lá eventualmente. Apesar do estímulo interno ser importante, foque no roçar firme – com cuidado – do clitóris.
Uma coisa é garantida: gozando ou não, ela irá gostar muito da novidade.
5 Dicas para quem está começando a praticar Kunyaza
#1 - Invista nas preliminares
Conversas picantes, toques e carícias podem ajudar (e muito!) no que vem depois.
#2 - Seja paciente
Leva tempo para pegar o jeito dessa técnica... Então, não desista se não alcançar os resultados esperados logo na primeira vez. Vocês podem se divertir durante o processo.
#3 - Saiba o que ela gosta
Praticar a kunyaza vai ser mais fácil se você souber o que mais agrada à sua parceira. Claro, você não lê mentes. Se não souber, pergunte a ela o que a excita.
#4 - Familiarize-se com o corpo
Estude as reações dela conforme vocês realizam a técnica. O que a faz gemer? Onde é que ela é mais sensível? O que a deixa arrepiada?
#5 - Não tenha nojinho do esguicho
Ela conseguiu ejacular? Não se apavore com o volume de líquido, porque não é xixi. O gozo feminino não tem odor ou cor.
Veja ainda: Dicas para alcançar orgasmos múltiplos
Quero saber mais sobre Kunyaza
Em maio do ano passado, a BBC World Service transmitiu “The Orgasm Gap (Life Changes)”, um documentário em que duas repórteres exploram a omissão do prazer sexual na educação sexual no Reino Unido. Elas vão para o Ruanda a fim de descobrirem tudo sobre Kunyaza, a prática que se foca no prazer sexual feminino, levando a mulher a esguichar. Lá, elas escavam o que há para saber sobre essa prática cultural.