Já ouviu falar sobre o que é crossdresser ou sabe o que é cdzinha? Esse é um tema que pode ser controverso para alguns, mas que está sendo normalizado porque, afinal, não tem nada de errado. Venha entender tudo!
Entender o que é crossdresser, ou cdzinha, pode ser algo complicado para algumas pessoas. Existem muitas ideias erradas sobre o que é ser cdzinha e a prática, conhecida como crossdressing, tem uma certa má reputação ainda.
Mas, na verdade, não tem nada de errado nisso. É, simplesmente, um prazer de ficar vestindo roupas que, habitualmente, são atribuídas, pelo padrão social, a outro gênero. Como é mesmo isso (pode estar se perguntandp)?! Se trata de homens que ficam se vestindo como mulheres, ou de mulheres que ficam usando roupas de homens.
Porém, falando em cdzinha, quase sempre se pensa no universo dos travestis, o que, para alguns, só faz rir. Mas veja que é preciso respeitar todas essas tendências e práticas.
Afinal, existindo liberdade e pessoas adultas, em plena posse de suas faculdades, não existe o certo, nem o errado.
Mas o que é crossdresser? O que cdzinha significa?
Cdzinha, ou somente CD, é a versão brasileira sobre o que é crossdresser e se refere ao fetiche de homens se vestindo com roupas femininas.
Em inglês, crossdress significa algo como "vestir-se ao contrário", ou "vestir cruzado", e não está em nada relacionado com o ser trans ou homossexual, como falaremos mais abaixo.
Ao contrário dos transgêneros, onde alguns buscam realizar a cirurgia para mudança de sexo, quem é adepto do crossdressing se apropria apenas da questão do estilo, sem a necessidade de mudar o corpo ou de usar hormônios.
- Aproveite para ler: "O que é ser trans? Veja a diferença entre transexual e travesti"
É mais uma forma de expressão do que qualquer outra coisa. Tanto que, boa parte dos que se identificam como crossdresser, não se identificam com o gênero feminino. Portanto, não se sentem mulheres, apenas querem usar as roupas como forma de expressão.
Existe também uma diferença entre o que é cdzinha e o que é drag queen. Nesse segundo caso, estamos falando de artistas do sexo masculino que ficam se vestindo de mulheres para performances no mundo do espetáculo.
Crossdressing e diferenças entre homens e mulheres
Podemos ficar dividindo os crossdressers em duas categorias:
- os homens que gostam de usar roupas e acessórios de mulheres
- as mulheres que amam se vestir de forma masculina.
Porém, se tornou comum as mulheres ficarem vestindo calças ou mesmo ternos masculinos sem que sejam chamadas de crossdressers. Já homens vestindo saias é algo menos comum e que se associa, logo, ao travestismo ou ao crossdressing.
Desse modo, falando em cdzinha estamos nos referindo a esse contexto do homem que se "transforma" em mulher em sua vestimenta.
Os crossdressers se envolvem nisso em graus variados, seja ocasionalmente e somente na privacidade de suas casas, ou a tempo inteiro, dentro e fora de sua intimidade caseira.
Mas veja que alguns CDs não se depilam e até optam por deixar a barba, ou seja, o corpo continua sendo masculino. É apenas a forma de se vestir que muda.
Se você desejar conhecer e viver mais essa experiência, pode pesquisar no Classificados X Brasil se há anunciantes usando "cdzinha" em seus anúncios.
Um pouco de história sobre o universo crossdresser
O termo crossdresser nasceu na década de 1960 ao redor do mundo. Porém, apenas mais tarde, mais precisamente em 1997, ficou conhecido no Brasil.
Na época, tinha um significado ainda mais simples do que podemos ver nos dias de hoje. Era, basicamente, vestir-se ao contrário.
Mas como a sociedade era cheia de preconceitos, os adeptos de ser cdzinha optavam por fazer tudo às escondidas para fugir dos julgamentos. Muitos pais de família, por exemplo, realizavam encontros noturnos, como uma espécie de tribo.
Isso continua se verificando hoje, embora as mentalidades estejam mais evoluídas.
Mas afinal, ser cdzinha é ser homossexual?
As pessoas que se identificam como cdzinhas relatam que é algo que nasce de repente - um desejo de vestir roupas de mulher, ou do sexo oposto. É como se fosse algo reprimido e que, uma hora, se aflora. Mas nada tem a ver com orientação sexual.
Sem dúvida que, em sociedade, principalmente nas ruas, as pessoas irão pensar que um homem vestido de mulher é um homossexual. Mas isso apenas prova a falta de conhecimento da maioria que não sabe as diferenças entre orientação e identidade de gênero.
O crossdresser pode se manifestar de diversas formas, desde escolhendo compor todo o look com roupas do sexo oposto, ou apenas uma peça. Há homens, por exemplo, que usam apenas uma saia ou calcinha.
Mas a dúvida em questão é: ser cdzinha é ser homossexual? Na verdade, depende, mas não é uma associação obrigatória.
A palavra em si não tem qualquer tipo de similaridade com ser ou não gay. Porém, quem pratica crossdressing pode ser qualquer coisa - bissexual, hetero ou homo -, porque a questão aqui é comportamento.
Pode ser que seja difícil para você e tantas outras pessoas compreenderem. Mas o que temos de ter em mente é que, muitas vezes, o próprio indivíduo que começa sendo crossdresser, pode ter dúvidas a respeito de si mesmo.
Então, cabe a nós e toda a sociedade não questionar. Tudo o que se refere ao outro, e que não nos prejudique, não nos diz respeito.
- Leia ainda: "Fetiche em travesti me faz gay?"
Liberdade de ser
É importante deixar que a própria pessoa se expresse, caso ela queira, sobre sua orientação sexual.
Se você estiver conversando com um cdzinha e ele se apresentar como sendo também homossexual, está tudo ok. E também pode ser que ele seja adepto do crossdressing, mas seja hetero.
Mas quando um transgênero se veste segundo sua identidade de gênero, não é CD. Essa pessoa está se vestindo de acordo com o gênero com o qual se identifica - por exemplo, uma mulher trans se vestindo de forma feminina não é uma crossdresser; ela está somente se vestindo de acordo com o que se sente.
Roupa é expressão
Uma forma de compreender e passar a enxergar o que é cdzinha é ver a moda e a forma de se vestir como expressão. O que de fato é totalmente verdade!
Um grande exemplo é o estilo "tomboy", ou maria machadão, que se tornou uma grande tendência nos últimos anos, com meninas vestindo roupas tipicamente masculinas, mas não sendo, necessariamente, lésbicas. Ou seja, elas estão simplesmente se expressando. A mesma coisa passa com o crossdresser.
Por que há quem vire crossdresser?
As razões por trás do crossdressing podem ser variadas. Há quem faça por diversão pura, amando se travestir para disfarçar seu eu de outra pessoa. E existem os que podem achar as roupas para o sexo oposto mais confortáveis.
Mas também há quem obtenha prazer sexual nisso, se deixando levar por um fetiche pelo crossdressing.
Independentemente das razões de cada um, não há nada de errado em ser cdzinha. Não é um distúrbio que precise ser contido ou tratado.
No entanto, um crossdresser deve ter cautela para que esse lado de sua vida não complique outras esferas de seu quotidiano - por exemplo, uma relação amorosa.
- Veja também: “Quero me tornar travesti: o que fazer?”
Testemunhos de quem é CD
Não existe um tipo de pessoa que vira CD - não deve pensar somente em homens efeminados. Há também caras durões, policiais, atletas profissionais nesse universo, amando usar calcinhas, sutiãs e vestidos!
Mas veja o que estão dizendo sobre o que os levou a esse mundo...
"Foi em minha noite de núpcias a pedido de minha esposa. Eu era virgem e estava muito nervoso, sem saber o que fazer! Então, ela assumiu, me vestiu com sua lingerie e me levou a chupar sua buceta enquanto me contava sobre os caras com quem andou. Somos felizes e nos amamos! Desde aí, progressivamente, fui passando à vestimenta completa, maquiagem, cabelo e até orelhas furadas."
Benji, 35 anos"Comecei muito jovem e acho que pode ter surgido por querer me juntar à minha irmã e seus amigos. Mas claro, gostei! Me lembro de ser caçado no quarto de meus pais, mexendo na lingerie de minha mãe. Ficava fascinado pelos materiais e texturas, tão diferentes das minhas roupas de menino."
Davi, 41 anos"Quando descobri as revistas pornô, em minha puberdade, me maravilhei com a beleza das mulheres, de suas curvas e também das lindas lingeries que realçavam suas formas. Muitas vezes, preferia ver elas de calcinhas e não totalmente nuas. E minha mãe sempre tinha catálogos de compras em casa, então eu costumava olhar a seção de lingerie na esperança de ver as manchas escuras de púbis ou um mamilo. Também fiquei obcecado com um collant rosa neon metálico que minha irmã usava em suas aulas de dança! Era a minha coisa favorita para usar sempre que podia, quando todo mundo estava fora de casa. Vários anos depois, quando morava sozinho, rapidamente comprei lingerie para usar por baixo da roupa masculina e minha coleção foi crescendo..."
J.J., 54 anos"Sou casado e contei à minha esposa, logo no início de nosso relacionamento, que usava calcinha ocasionalmente. Ela ficou de boa com isso, desde que não tivesse que me ver com elas. Um dia, acidentalmente, minha cunhada me viu de calcinha e se tornou minha maior apoiadora. Ela me dá conselhos e confiança - para desespero de minha esposa! Agora tenho mais roupas femininas do que masculinas, mas ela continua tolerando meu fetiche..."
Mateus, 27 anos"Me considero um gênero fluido, mas não recordo como começou meu lado de cdzinha. Lembro de ter 4/5 anos e de querer colocar um tutu de balé ou um vestido. Não tinha noção de nada naquela idade... Então, deve ter sido um desejo natural e uma espécie de conforto por usar roupas destinadas ao sexo oposto."
Ricardo, 37 anos"Amo saltos altos desde que eu tinha cerca de 14 anos. Como um cara, não havia como eu usar saltos altos femininos em público nos anos 70, até que comprei meu primeiro par. Era uma sandália de plataforma branca, com salto bloco e bem alta. Um dia, decidi usar elas enquanto montava minha bicicleta até às bancas para pegar meus jornais. Tinha de subir o morro empurrando a bicicleta de salto! Mas costumava trocar de sapatos antes de chegar na rua principal, onde tinha mais gente, escondendo eles em um jardim, para pegar no caminho de casa. Depois de 20 anos, comecei a me interessar por saias e meias-calças. Agora, eu uso toda a gama de roupas femininas, incluindo formas de seios e sutiã - porque um vestido não assenta direito a menos que haja peitos!"
Gabriel, 65 anos
Já entendeu o que é crossdresser ou o que cdzinha significa?
O crossdressing pode ser algo desconcertante para quem não conhece bem o que é isso. Mas não devemos ter medo. Temos de aceitar que a identidade e o status com que nascemos podem não ser decisivos - nem definitivos. E não tem mal nenhum se expressar por via de roupas que a sociedade não considera adequadas para nós.
Na verdade, devemos nos levar menos a sério. E saber o que é cdzinha, ou o que é crossdresser, nos ajuda a aceitar algo que não tem nenhum mal em si mesmo. É algo normal a se fazer, não ferindo ninguém, nem a si próprio.
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