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Riscos do Sexo Oral

Sabe-se que as infecções sexualmente transmissíveis, as IST, são importantes tipos de causalidades de doenças humanas, dentre o grande rol das doenças infeciosas, como as transmitidas por mosquitos, as transmitidas por alimentos, as transmitidas por objetos contaminados, as transmitidas pelo ar, entre outras.

Para as IST’s, faz-se necessário os profissionais que as tratam terem conhecimento do corpo humano, e não de mosquitos ou de diferentes tipos de bactérias que infectam alimentos, afinal o processo de uma doença sexualmente transmissível não passa por esses agentes.

O profissional da saúde que estuda e trabalha com as IST’s, seja o médico, o enfermeiro ou o agente de saúde, deve saber quais são os fatores principais envolvidos na transmissão, ter conhecimento anatômico e fisiológico de como o fenômeno ocorre, para assim poder aconselhar da melhor maneira possível aqueles que procuram ajuda em postos e centros de saúde.

Muitas das estratégias de controle das IST’s são, na maioria das vezes, concentradas nas práticas de sexo convencional, ou seja, aquele onde só há o contato e penetração entre os órgãos urogenitais (e anal). Entretanto muitos dos agentes infeciosos que podem desencadear doenças sexualmente transmissíveis não ficaram restritos apenas a este tipo de sexo.

Por exemplo, é sabido que o sexo oral é um canal para diversas IST’s, tanto de natureza virótica como bacteriana e protozoótica, por entretanto ser frequentemente negligenciado pelos praticantes - principalmente quando não envolve o pênis, já que o preservativo foi delineado anatomicamente para este órgão.

O primeiro passo para entender as vias de transmissão das IST’s é estabelecer quem pratica o sexo oral (o ativo) e quem o recebe (passivo).

Sabe-se que em uma relação de sexo oral sem camisinha, o ativo tem maiores chances de ser contaminado do que o passivo, caso exista agente infecioso em circulação: a parte de dentro da boca e a língua possuem mucosa bastante delicada, e é muito comum existirem pequenos ou micro traumas localizados, seja por ranhuras da arcada dentária, alimentos ácidos, uso de cigarros e bebidas alcóolicas, existência de cáries ou gengivites, entre outros.

Neste frágil substrato ao entrar em contato com secreções com elevada carga de partículas do agente infeccioso, estas podem se multiplicar na mucosa da boca, cair na corrente sanguínea e seguir o ciclo infeccioso, conforme a biologia do parasita.

O caminho inverso – a boca infectar o órgão urogenital ou o anal - apesar de ser bem mais raro, pois uma IST’s normalmente não se concentra primariamente nesta região, pode vir a acontecer: por exemplo, se o ativo tiver alguma lesão ou chaga específica na mucosa da boca proporcionada pela IST, e esta estiver expelindo secreção com elevada quantidade de partículas do agente infeccioso, como as doenças causadas por bactérias: gonorreia e sífilis (entretanto, algo dessa proporção impede que a pessoa pratique sexo, diferentemente de alguém que tenha os agentes infecciosos nas secreções expelidas por seu órgão urogenital, e estando ainda sem sintomas aparentes).

Além da gonorreia e da sífilis, o HPV também é um famoso agente infeccioso transmitido pelo sexo oral - há variantes deste vírus que causam desde verrugas genitais até casos associados a canceres no colo do útero e na garganta: este último ficou reconhecido internacionalmente com o ator hollywoodiano Michael Douglas e o cantor de heavy metal Bruce Dickinson, famosos que declararam publicamente que sofreram desta doença devido à prática de sexo oral sem proteção.

A hepatite B é outra doença que também pode ser transmitida pelo sexo oral, principalmente na prática da região anal, já que resíduos de fezes podem concentrar elevadas partículas do vírus.

A clamídia é a IST’s mais transmitida do mundo, sendo que a sua bactéria também pode ser transmitida pelo sexo oral (tal agente infeccioso é de fácil transmissão, conseguindo-se propagar até pelo beijo).

E falando no beijo, o vírus da herpes é uma IST que pode ser transmitida pelo sexo oral também - entretanto ela é também uma doença satélite: indica quando o nosso sistema imunológico está baixo, em decorrência de outro agente causador.

A tricomoníase é causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis e assim como a bactéria que causa a clamídia, ela também está entre as IST’s mais comuns, podendo ser adquirida via sexo oral sem preservativo.

A lista de IST’s transmitidas pelo sexo oral segue, seja por vírus, bactérias e outros parasitas oportunistas que coexistem com os seres humanos. Entretanto, a mais temível de todas as doenças sexualmente transmissíveis – a AIDS, causada pelo HIV – tem sua transmissão de baixo risco neste tipo de sexo, já que os estudos científicos ainda não identificaram casos de transmissão exclusiva por sexo oral.

Apesar do HIV ter a mesma concentração por mL na saliva e no sêmen (considerando uma pessoa com sorologia positiva, e que não faz uso dos antirretrovirais), a segunda secreção é o veículo mais usual para que ocorra a transmissão, devido aos traumas provocados pelo sexo convencional sem proteção.

Considerando também que o beijo não transmite HIV, já foi demonstrado por estudos que a saliva humana possui algumas propriedades que limitam o desenvolvimento do vírus (mas isso é assunto para outro artigo).

Todavia, não se deve ficar jogando esta macabra loteria, principalmente quando alguns fatores podem favorecer a dinâmica de transmissão do vírus, como a imunidade baixa do ativo, elevada carga viral do passivo, presença de algum trauma significativo na boca (cárie ou afta), entre outras condições que podem facilitar a ocorrência da transmissão.

Além disso, como já dito, os preservativos são feitos anatomicamente para o pênis, assim a vagina e a região anal não possuem proteções específicas, dificultando a aplicação de medidas de proteção para estas práticas sexuais.

Uma camisinha com encaixe anatômico para a língua? Está aí uma ideia para ficar rico, e ao mesmo tempo colaborar com o controle da transmissão das IST’s pelo mundo.