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Candidíase

Muitas vezes quando pensamos em doenças sexualmente transmissíveis (hoje em dia chamadas tecnicamente de infecções sexualmente transmissíveis, ou simplesmente IST’s) a ideia fica restrita aos patógenos que se desenvolvem apenas nos órgão genitais, como o pênis e a vagina (e suas respectivas estruturas, como a região epitelial, a uretra, entre outras), ou ainda no ânus.

Mas nessa concepção restrita aos órgãos genitais, muitas vezes as pessoas se esquecem de que a boca pode ser também uma via por onde o indivíduo pode se infectar, assim como transmitir um determinado agente infeccioso (ou seja: a boca funciona tanto como receptora de um patógeno, como propagadora do patógeno, conforme a biologia do agente causador da enfermidade).

Claro: o beijo envolve uma poderosa troca de saliva e contato entre mucosas, e se não existem tantos traumas como os que ocorrem em um ato sexual envolvendo pênis e vagina (ou pênis e ânus), pode sim existir transmissão conforme o tipo de patógeno e a carga (quantidade de partículas do agente infeccioso) no momento da troca de saliva e contato entre mucosas.

A candidíase, apesar de não ser considerada tecnicamente uma IST, pode ser transmitida pelo beijo: popularmente conhecida como “sapinho” no Brasil, é causada por fungos – sendo o mais comum o Candida albicans – e que resulta em pequenas placas esbranquiçadas na língua, gengiva e na parte interna da boca.

É uma enfermidade bastante comum em bebês e crianças, assim como em velhos, grávidas e imunodeprimidos (seja pelo vírus HIV, ou ainda por outras causas como os transplantados e os que estão enfrentando tratamentos como radio e quimioterapia), os portadores de diabetes, e até pelo uso de antibióticos e anticoncepcionais.

A candidíase é considerada uma doença sentinela (igual herpes), que avisa quando o sistema imunológico do indivíduo pode estar com um número baixo de células de defesa (por isso é chamada de infecção oportunista: aproveita os momentos de fragilidade do indivíduo e se manifesta, já que muitas espécies de fungos que causam candidíase estão presentes nos organismos de pessoas saudáveis, sem necessariamente manifestar seus sintomas).

Quando a candidíase se manifesta nos órgãos genitais (lembrando que não é uma IST`s, apesar de usar esta estratégia para infectar indivíduos susceptíveis), a enfermidade apresenta as seguintes características: nas mulheres resulta em coceira vaginal (tanto nos lábios externos e internos, como no canal da vagina), presença de corrimento esbranquiçado, além de dor ao urinar ou no momento de uma relação sexual; nos homens, o pênis pode aparecer pequenas manchas de cor vermelha na região da glande, além de também coceira e outras lesões associadas.

É comum também correlacionar a candidíase nas estações do ano: no verão, época quando as pessoas frequentam praias e piscinas, ao permanecer por muito tempo com roupas de banho molhadas pode favorece a manifestação da doença (já que fungos gostam de ambientes úmidos), assim como o contato com areia, ou ainda o cloro da piscina que pode alterar o pH da vagina, facilitando a ocorrência da enfermidade; no inverno as causas são outras, como a possibilidade de uso de grandes quantidades de roupas que impedem a circulação de ar nas partes intimas, além de infecção por enfermidades da época que perturbam o sistema imunológico (gripe, resfriados, influenza, etc).

Apesar de ser uma infecção oportunista, bastante comum (acredita-se que mais de 70% das mulheres entram em contato com o agente causador da candidíase pelo menos uma vez na vida), a negligência de uma enfermidade desse tipo pode ser bastante perigosa e danosa, causando injúrias irreversíveis ao longo prazo, em especial nos casos dos imunodeprimidos: o fungo pode migrar para outros órgãos e estruturas, como a bexiga, e atingir até os rins, os pulmões, entre outros órgãos vitais, ao final podendo ser letal.

O tratamento contra a candidíase é feito a partir de remédios com propriedades antifúngicas, como pomadas ou capsulas para serem engolidas tal qual antibióticos (lembrando que estes não funcionam contra candidíase, só contra enfermidades causadas por bactérias!).

Quando o procedimento mais simples não cura a candidíase, são necessárias investigações mais precisas, como meios de cultura para descobrir a espécie do fungo (tal como a imagem ilustrativa no começo do texto, que mostra placas de crescimento para fungos), e se ele tem resistência aos remédios mais recorrentes, assim como se o indivíduo esta em alguma debilitação de seu sistema imunológico.