Quando o assunto é deficiência, ainda há um grande tabu que rodeia essa característica que difere algumas pessoas, no entanto, isso não é motivo para ter preconceito ou diminuir uma pessoa que nasceu ou adquiriu alguma deficiência no decorrer da vida.
É importante entender como funciona a vida sexual de uma pessoa com deficiência, porque elas também se relacionam. Existe uma lei criada pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência, de nº13. 146/15, chamada de Lei Brasileira da Inclusão, para evitar esse tipo de tabu.
Muitas pessoas acham que por alguém ter uma deficiência não consegue ter uma vida sexual, no entanto, iremos mostrar para você como é sim possível. Isso já deixou de ser um tabu há muito tempo e agora as coisas podem ser encaradas de outra perspectiva.
Como é a vida sexual na deficiência?
A primeira coisa que você precisa entender quando o assunto é sexo na deficiência é que as pessoas encontram maneiras de se adaptar às diferenças e adversidades, é assim que aprendem a viver e sentir as mesmas coisas, mas de maneira diferente.
Algumas pessoas, como as que enfrentam a tetraplegia, por exemplo, passam por dificuldades no olhar externo das pessoas, especialmente porque são vistas como forma de fetichismo, infantilidade e precisam de cuidados especiais para fazer as coisas. Existe até quem acabe por recorrer aos serviços eróticos de acompanhantes para pessoas com deficiência.
Quando uma pessoa sofre um acidente que tira praticamente todos os movimentos do corpo, precisam reaprender a enxergar as coisas de uma perspectiva diferente, há quem encare isso como um novo desafio a ser enfrentado, há quem não aceite, mas não dá para desistir da luta.
Um acidente no nível de fazer com que alguém perca todos os movimentos do corpo pode mudar, também, a forma como essa pessoa sente todas as demais coisas, como as sensações, toques, etc.
Abaixo, daremos alguns exemplos de como as pessoas se adaptam às adversidades e como utilizam a maturidade e a mente para entender que o sexo não está limitado apenas à uma penetração. Leia:
Pessoas com tetraplegia
As pessoas que sofreram acidentes gravíssimos e por ventura perderam o movimento do pescoço para baixo se adaptam de maneiras diferentes. Geralmente, o sexo para essas pessoas envolve algo bastante mental, um pensamento que transforma as sensações.
Geralmente, as pessoas veem sexo apenas como penetração, quando na realidade, a vontade real se inicia antes mesmo de qualquer atividade sexual propriamente dita. É ótimo perceber que alguém tem boas intenções, e uma pessoa com tetraplegia pode beijar e dar mimos.
É tudo uma questão de adaptação a uma nova forma de viver. Assim como nascemos sem conseguir falar, sem conseguir refletir sobre as coisas e aprendemos tudo do zero. A diferença é que essas pessoas aprenderão tudo novamente, reformulando sua visão de sexo.
Paraplegia
No caso das pessoas que têm paraplegia, é um pouco diferente da condição de tetraplegia, pois, essas pessoas sentem sensações de maneira semelhante. Geralmente, quem tem paraplegia não tem o movimento das pernas, o que as faz ter de usar cadeira de rodas.
Mas as sensações de excitação e a vontade de transar, produção de hormônios, entre outras coisas funcionam da mesma maneira. Além disso, o sistema menstrual de uma mulher paraplégica também funciona da mesma maneira de uma mulher que não tem essa condição.
Poliomielite
Essa é uma condição que atinge as pessoas ainda na infância, se não vacinadas. Quando uma criança desenvolve essa doença, geralmente não tem cura e quando sai do carrinho de bebê já precisa ir para uma cadeira de rodas.
A vida sexual dessas pessoas se assemelha a de uma pessoa com paraplegia, no entanto, o que ocorre é o preconceito das pessoas que não entendem como funciona. Algumas pessoas veem essas pessoas como algo infantil, pessoas que não fazem sexo.
O tipo de preconceito que mais incomodam essas pessoas é o fato de que se tem alguém andando com elas, geralmente são confundidos com cuidadores. Muitas vezes, essas pessoas que estão ao lado são cônjuges, namorados, etc.
Nanismo
Pessoas com nanismo também sofrem preconceito quando o assunto é sociedade, especialmente as pessoas da comunidade LGBT (que por ventura, não conseguem ser aceitas nessas comunidades.). Existem relatos de mulheres trans com nanismo que não conseguiram fazer parte.
A relação sexual com uma mulher que tem nanismo é geralmente vista como um fetiche, ou então, personagem de filmes pornô, um brinquedo. As pessoas precisam deixar de levarem tabus para a vida e entender que as coisas não se resumem apenas a isso.
Deficiência auditiva
As pessoas com deficiência auditiva também passam por algumas situações ruins, no entanto, não têm tanta dificuldade de fazer novas amizades e encontrar novas pessoas. Existem fóruns de relacionamentos que ajudam pessoas com esse tipo de deficiência a se encontrarem.
A deficiência auditiva não é algo aparente, especialmente quando as pessoas começam a conversar nas redes sociais. Mas ainda assim, é algo importante a ser dito num primeiro contato ou conversa, para que a pessoa que está do outro lado já fique ciente disso.
Os meios de comunicação com as pessoas com esse tipo de deficiência estão na leitura labial e em seu idioma, LIBRAS. O Brasil não tem preparo o suficiente para dar acessibilidade para essas pessoas, mesmo que esse idioma seja extremamente acessível.
O que você precisa evitar fazer
Existem algumas coisas que incomodam muitas pessoas com algum tipo de deficiência. Você não pergunta para um deficiente auditivo se um dia ele vai voltar a ouvir, ou se ele vai te ouvir se você falar mais alto e não pergunta para uma pessoa com nanismo se ela topa ser ator ou atriz pornográfica.
Muitas coisas precisam ser aprendidas quando o assunto é acessibilidade. Se o mundo refletisse um pouco mais sobre o funcionamento das coisas, entenderia que existem sim formas de se relacionar sexualmente, independentemente se a pessoa tiver alguma deficiência ou não.
Mas essas coisas estão sendo aprendidas pouco a pouco pela sociedade. Conhecer pessoas com algum tipo de deficiência faz alguém mudar a sua perspectiva de mundo da forma mais positiva possível, isso se ela souber entender como as coisas funcionam.
Se você chegou até aqui, conseguiu compreender que as pessoas com deficiência fazem sexo sim, mas resumindo bem, elas precisam se readaptar à sua maneira de ser, entender como o corpo funciona, especialmente quando a causa do trauma é um acidente!