O mundo dos fetiches pode ser bem bizarro. Mas entre os mais surpreendentes está o "fetiche scat" - esse aí pode mesmo ser tabu até entre os mais pervertidos do universo kinky!
"Fetiche scat", ou coprofilia, como também chama-se, é o fetiche por fezes - sim, cocô. Se você acha isso surpreendente, venha entender o que é isso, como surge e por que dá prazer a quem ama esse tipo de prática.
O que é o "fetiche scat"?
"Scat" se refere a "escatologia", termo médico antigo inspirado no grego para referir algo relacionado com cocô. Daí se fala em "fetiche scat" que envolve a excitação sexual por ficar vendo alguém fazendo cocô.
Mas a prática tem diferentes variações, por exemplo, o desejo sexual de fazer cocô em cima de alguém, ou simplesmente de assistir alguém cagar, tocar nas fezes, espalhar elas ou ficar comendo. Porém, veja que ingerir cocô pode ser bem perigoso e não recomendamos que você faça isso! Fique lendo para entender melhor isso lá mais em baixo.
No âmbito de relações BDSM, existe também o chamado "femdom scat" que envolve um cara submisso sendo forçado a comer cocô por uma mulher dominadora.
- Saiba mais: O que é femdom?
O "fetiche scat" pode ser praticado independente da orientação sexual ou da identidade de gênero da pessoa, seja por homens e mulheres, cis e trans, heterossexuais ou homossexuais... Enfim! Por todo tipo de pessoas.
Na verdade, esse é o grau extremo do kinky e os seus praticantes podem ficar sendo postos de parte mesmo pelos mais safados dessa comunidade.
Como alguém pode ter prazer com isso?
O cocô é, geralmente, algo que a maioria das pessoas tenta manter bem longe de suas vidas sexuais! Estamos falando de fazer a ducha antes do sexo anal, ou mesmo de não conseguir ficar fazendo cocô junto de um novo parceiro.
Na verdade, o cocô é um tabu, algo de que você não fala abertamente. Uma boa parte do prazer desses fetichistas pode, desse modo, ser devido a esse tabu existente.
Se você aplicar isso no meio BDSM, se pode associar o uso de fezes com a extrema humilhação, por exemplo, sendo forçado a cheirar, a mexer e a comer por quem está sendo humilhado.
Assim, nesse ponto, é semelhante a outros jogos de dominação e submissão. Se trata de ter ou de perder o controle, de ficar sentindo emoções extremas, o que pode ser muito libertador.
Fetiche verdadeiro vs Comportamento de fetiche
É preciso ficar entendendo uma diferença importante entre ter esse "fetiche scat" de verdade ou simplesmente ter um interesse por isso.
Ter o fetiche significa que você precisa disso para se excitar e ter prazer. Assim, o que acontece com muitas pessoas é que elas têm "comportamento de fetiche", ou seja, ficam praticando sexo fetichista de vez em quando.
Veja... Se você comer o mesmo tipo de pizza todos os dias, mesmo que goste muito, vai acabar se cansando. Esse cansaço pode levar você a buscar coisas novas - e mais exóticas e "desviantes"! Desse modo, se pode chegar ao mundo dos fetiches.
Mas como surge esse interesse pelo "fetiche scat"?
Nem sempre fica claro de onde vem essa tendência sexual, nem tão pouco outras. Mas a personalidade e o histórico da pessoa desempenham, provavelmente, um papel nisso.
Se pode dar o caso de o fetiche surgir por experimentação, somente por curiosidade. Se imagine tentando fazer algo que acaba gostando muito!
Também pode suceder a pessoa ser exposta, em algum momento de sua vida, a algo incomum durante uma experiência sexual especialmente prazerosa. Isso daí ficará registrado em seu cérebro e, então, ficará associando o prazer a esse algo incomum.
Mas o lado "proibido" pode, igualmente, jogar seu peso nisso. Ficar fazendo algo considerado "sujo", pode ser gratificante para algumas pessoas.
Por vezes, se começa com uma "chuva dourada" numa ducha normal, como uma brincadeira que permite explorar seus limites.
O que diz quem está "brincando" com o cocô?
Para entender um pouco melhor esse "fetiche scat", fomos ouvir alguns fetichistas que nos falam de suas experiências...
"Há algo bastante liberador em poder fazer isso com um parceiro. Me permite liberar a vergonha, acho. Mas demorei um pouco para perceber isso - para pensar dessa maneira. No começo, era muito mais simples, apenas curtir a sensação física de fazer cocô. Muitas pessoas que gostam de "fetiche scat" amam jogos de humilhação, mas, para mim, se trata de não ser humilhado por meu corpo - de ser aceito."
J., 33 anos
"Cresci em uma família muito católica, onde tudo relacionado a sexo era tabu e tinha uma carga pesada de vergonha. Sempre havia essa narrativa sobre a pureza, a limpeza, e como o sexo deixava você sujo para sempre. Acho que me rebelei contra isso quando tinha 20 anos. Entrei na cena kinky e ficava indo a noites fetichistas.
Então, um parceiro sugeriu brincadeiras de "scat": queria que eu fizesse cocô nele enquanto estávamos na banheira. Não pareceu assim tão chocante para mim, talvez porque cresci com essa ideia distorcida de que o sexo é nojento."
M., 41 anos
"Comecei fazendo "fetiche scat" com um de meus namorados. Foi sua primeira experiência também. Nós tínhamos interesse em humilhação, derramamento de comida e alimentação forçada. Então, um dia ela propôs que eu comesse um sanduíche de cocô. Aceitei como uma humilhação e um desafio para mim, e aconteceu.
Foi horrível de engolir, mas a sensação de ser tão humilhado, seu sorriso e seu olhar de satisfação me fizeram apaixonar por esse fetiche."
S., 27 anos
"Fiquei praticando sadomasoquismo por vários anos, e ultrapassei meus limites, tanto físicos quanto mentais. O "fetiche scat" era o próximo passo. Se tratava de empurrar meus próprios limites um pouco mais e esse sempre foi um interesse meu quando se trata de sexo.
Mas entrar no "scat" foi um processo lento. Não pulei logo para isso! Tem sido uma jornada gradual de curiosidade... Foi através do meu trabalho como acompanhante que foi mais explorado. Se não fosse uma profissional do sexo, minha exploração teria sido, provavelmente, muito menor."
E., 52 anos
Ficar mexendo com fezes é seguro?
Quando o "fetiche scat" é levado ao extremo de ingerir o cocô, pode ser muito perigoso para sua saúde.
Embora "brincar" com o excremento de alguém seja, geralmente, considerado algo seguro, sempre se recomenda o uso de luvas de látex, filme plástico e barreiras dentais. E se deve SEMPRE lavar muito bem as partes do corpo que ficaram tocando no cocô com sabão depois do sexo.
Mas ingerir o excremento aumenta consideravelmente os riscos de infeções por parasitas, bactérias ou vírus. Assim, você pode ficar mesmo muito doente!
Há várias bactérias perigosas que estão, habitualmente, presentes nas fezes - a exemplo da salmonela e da E. coli. Esse tipo de bactéria pode causar diarreia forte, dor abdominal e cólicas, mas também febre, náusea e vômito. Então, tenha muito cuidado com isso!
Além disso, as hepatites A e E se podem transmitir através do contacto com fezes contaminadas com o vírus.
Vale alertar que nem só comer o cocô é arriscado, pois somente o contacto das fezes com um ferimento, com a boca ou com o nariz, pode contaminar a pessoa com uma infecção bem incômoda e perigosa.
Uma má higiene também agrava os riscos - é como levar a mão suja à boca após usar o banheiro.
Reduzindo os riscos...
A melhor forma de reduzir os riscos, prevenindo infeções, é garantindo que não existe qualquer contato direto entre os orifícios de seu corpo e as fezes de outra pessoa.
Assim, você pode se forçar a não lamber o ânus, ou, se estiver mesmo a fim de um bom beijo grego, como também é referido esse ato, deve ficar usando uma barragem ou filme plástico para tapar essa zona. Assim, você mantém sua boca protegida durante a prática.
O uso de camisinha e barragens dentárias também pode ajudar a prevenir riscos indesejáveis.
No caso das mulheres, é preciso ficar tomando ainda mais precauções porque as fezes podem causar infeções urinárias e vaginais.
Como explicar "fetiche scat" a seu parceiro?
Esse tema pode mesmo ser controverso na vida de um casal, sobretudo se os dois não estiverem na mesma onda. Se algumas pessoas podem ficar aceitando isso mesmo não gostando muito, outras ficarão logo enojadas só em pensando!
Por isso, se exige cautela abordando esse assunto com um novo parceiro que não conheça esse seu lado fetichista.
Primeiramente, você precisa aceitar esse seu lado, se sentir confiante com a prática do "fetiche scat" para depois poder passar essa sua vontade a outra pessoa sem sentir vergonha.
Mas você também precisa sentir plena confiança com essa pessoa, ter certeza que ela não ficará lhe zoando ou intimidando.
Em todo o caso, entenda que o "fetiche scat" não é para todo o mundo. Há quem goste, muitos não gostam e outros nem entendem. Mas só precisam respeitar você, desde que você respeite suas recusas.
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