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Hepatite B

Nesses 30 anos entre a distribuição dos antibióticos e o surgimento da AIDS, o vírus da Hepatite B era uma das IST`s mais graves que os seres humanos estavam expostos...

Antes do surgimento do HIV e da AIDS, ao longo da década de 1970, 1960 e até 1950 – considerando que no pós-guerra que os antibióticos passaram a serem produzidos em escala industrial, alcançando muitas prateleiras das farmácias e hospitais no mundo – as doenças sexualmente transmissíveis eram mais negligenciadas pelas autoridades de saúde e os políticos tomadores de decisões.

Nesse breve período de 30 anos, que compreende (como dito) a início da distribuição sistemática global de antibióticos nas rotinas humanas até o surgimento de um novo vírus de “ficção científica” (como o escritor brasileiro Caio F. Abreu definia o HIV, ele que foi uma das vítimas da AIDS), as infecções e doenças transmitidas pelo sexo eram vistas ou como tratáveis ou como controláveis, desde que fizesse os procedimentos seguidos pelos médicos.

Sífilis, gonorreia e outras infecções transmitidas por bactérias foram alvos dos antibióticos cada vez mais acessíveis às pessoas, fazendo assim que estas enfermidades não fossem mais temíveis como eram ao longo do século XIX, ou épocas mais antigas ainda (sim, houve uma época que pegar sífilis era igual pegar HIV na década de 1980, considerando ainda que formas graves de sífilis podem atingir o cérebro e provocar demência).

Nesses 30 anos entre a distribuição dos antibióticos e o surgimento da AIDS, o vírus da Hepatite B era uma das IST`s mais graves que os seres humanos estavam expostos: sabia-se que esse vírus tinha elevada prevalência em indivíduos que apresentavam comportamentos de riscos, como a promiscuidade sexual sem proteção, assim como drogas injetáveis (considerando que a heroína já era amplamente aplicada pelas vias venosas).

Inclusive a vacina para Hepatite B – que foi devidamente finalizada só no início da década de 1980 - teve em uma de suas etapas de desenvolvimento o uso de amostras dos vírus coletados em homossexuais masculinos e os usuários de drogas injetáveis, ambos os grupos mais vulneráveis para a doença na época (por assim podemos observar que a via sexual de transmissão da Hepatite B é semelhante ao HIV, como já explicado em outros artigos daqui do blog: devido ao trauma entre mucosas proporcionado pela fricção do pênis no ânus, a probabilidade de homossexuais masculinos se contaminarem é maior do que a de heterossexuais, sendo que este grupo por sua vez tem maior probabilidade de se infectar pelo vírus do que homossexuais femininos que não tem pênis envolvido no ato sexual).

Aqueles que eram infectados pelo vírus da Hepatite B desenvolviam cirrose hepática e falência renal em aproximadamente 20-30 anos: muito mais tempo que os 8-10 anos que a AIDS levava para se manifestar nos infectados pelo HIV.

E como existem muitas enfermidades caracterizadas como “hepatites”, esse nome sempre acompanhou as doenças humanas, seja causada por fatores biológicos como o vírus; seja por fatores ambientais como abuso de álcool e cigarros; e até fatores congênitos, como os casos de canceres de natureza hereditária: essa doença esta há muito tempo em circulação com a nossa população, tal qual um enfarto ou falência nos rins.

Por isso que a partir do surgimento da AIDS, a Hepatite voltou ao destaque: ela possuía a mesma dinâmica de transmissão, era disseminada pelos mesmos comportamentos de riscos (considerando ainda para Hepatite, ao contrário do HIV, há casos registrados de transmissão oro-anal, ou seja: sexo oral no ânus, devido a elevada carga de vírus que pode ser encontrada nas fezes).

Com o surgimento da vacina a partir da década de 1980, a Hepatite B ficou mais controlável, mas não impediu a sua propagação: ainda era bastante prevalente em populações sem acesso a serviços de saúde, principalmente em países não desenvolvidos, os quais possuem problemas com outras infecções sexuais tratáveis (como a sífilis e a gonorreia, desde que não tenham resistência para os atuais antibióticos).

Ela é altamente recomendada não apenas para controle de doenças e imunidade de rebanho (como as políticas de saúde adotadas), mas também para profissionais que trabalham em bancada laboratorial e testagem, assim como outros profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, agentes, funcionários responsáveis por limpezas em hospitais).

Normalmente dada ao nascer (como em alguns países, como os Estados Unidos), ela possui elevada efetividade para proteção do indivíduo.

Caso tenha alguma dúvida a respeito da vacina, converse com o seu médico, ou outro profissional de saúde.

E lembre-se: sempre faça sexo seguro, até se for fazer oral; e nunca compartilhe seringas ou outros instrumentos perfuro-cortantes que podem estar sujos de sangue (cuidado com estúdios de tatuagem e brincos que operam sem licença sanitária).