Das muitas Infecções Sexuais Transmissíveis (IST) causadas por vírus, a hepatite D é sempre uma das mais lembradas, mesmo que isso não se deva exclusivamente pela importância dos vírus transmitidos por estas vias.
Sobretudo, a importância das hepatites sexuais se dá propriamente pela notoriedade que o fígado possui para com o nosso organismo: há muito tempo que a nossa espécie observa as funções deste órgão vital, responsável pela biotransformação de diferentes moléculas que nós ingerimos, também pela secreção de diferentes enzimas que são responsáveis pela digestão, além de armazenar glicogênio, este que funciona como uma crucial fonte enérgica de rápido consumo para o organismo (este composto não é apenas encontrado nos mamíferos, mas também em outros animais, e até em bactérias e fungos).
Com toda essa carga de responsabilidade do órgão (ou glândula) não é admirável a importância que as pessoas dão a ele, todavia que ser alvo de um agente infeccioso virótico é apenas um dos muitos problemas que podem surgir (considere ainda que existem diferentes vírus que podem alcançar o fígado, seja pela via sexual ou a partir de alimentos e água contaminada, como veremos a seguir).
Atualmente todos nós sabemos (ou deveríamos saber) que a hepatite é um termo bastante generalizado, e que se refere à inflamação especificamente do fígado, podendo assim possuir diferentes agentes etiológicos: desde muito tempo se conhece o papel que o abuso de álcool possui como um fator para ocorrência de degeneração do fígado que, quando não tratado, o desfecho pode resultar em cirrose e respectiva falência de suas funções.
Além do álcool, há o abuso de outras substancias, como alimentos gordurosos, estes que se acumulam no fígado, também prejudicando o seu desempenho, além de outros fatores ambientais, assim também como genéticos hereditários.
E claro, os vírus, e suas características de parasitas obrigatórios que os fazem grandes vilões da saúde humana: estes importantes agentes etiológicos que quando infectam indivíduos susceptíveis causam inflamações no fígado, trazendo assim a hepatite virótica, doença esta resultante do processo infeccioso entre patógeno e hospedeiro (aqui no caso, nós: os seres humanos).
Quando falamos nos vírus que causam hepatite obrigatoriamente nos vêm as diferentes letras que servem para classificá-los, formando assim uma “sopa de letrinhas viróticas”: atualmente os vírus da hepatite são categorizados pelas letras A, B, C, D, E, F e G.
Importante dizer que, apesar de terem a mesma designação, estes vírus não possuem parentesco, como se fossem de uma mesma família (ou o termo técnico: filogenia): cada um destes vírus estão inseridos em famílias diferentes, distantes um dos outros, além de possuírem “biologia” diferente (considerando que é redundante dizer biologia do vírus, já que muitos pesquisadores não os consideram seres vivos): eles diferem entre as vias utilizadas para transmissão, assim também como o período de incubação, a manifestação clínica do paciente infectado e até a existência de vacina.
Falando um pouco do vírus da Hepatite D (também conhecido como vírus da Hepatite Delta), geralmente para ele é dado menos importância do que os outros tipos (em especial os vírus A, B e C): ele é considerado um ”satélite subvirótico”, pois quando em contato com um hospedeiro só consegue replicar na presença do vírus da Hepatite B – caso a pessoa não tenha o vírus da Hepatite B em seu organismo, o vírus D não consegue se multiplicar.
Claro, ambos os vírus podem ser transmitidos simultaneamente a partir de uma mesma exposição, o que pode complicar a situação clinica do paciente em questão, já que terá dois agentes etiológicos para a Hepatite em seu organismo.
Quando ocorre a infecção pelos dois vírus o agravamento da manifestação é muito mais grave do que a infecção somente pelo vírus B, podendo resultar em falência hepática, cirrose, e até câncer de fígado, levando assim à morte (tudo isso em um tempo muito menor do que ocorreria se o indivíduo estivesse contaminado só com o vírus B).
Para o vírus B já existe vacina, o que também funciona como uma importante proteção para o vírus D, já que este depende daquele para se multiplicar no organismo exposto.
Quanto às profilaxias e métodos de proteção, ambos são transmitidos pelas vias sexuais, tendo uma virulência maior do que o vírus HIV (por exemplo, é sabido que tem-se mais chance de pegar o vírus da Hepatite fazendo sexo oral do que o HIV), por isso usar proteção – inclusive durante o sexo oral – são medidas de extrema importância no controle da transmissão dos vírus da Hepatite B e D.