O Zika Vírus transmite-se através do sexo? A pergunta segue sem resposta, e os pesquisadores ainda estão trabalhando nisto (é um desfecho que possui não apenas o vírus, mas algum outro fator, ou fatores envolvidos).
Doenças transmitidas por mosquitos são um grande problema de Saúde Pública, não apenas nos países ditos tropicais (os que estão inseridos dentro dos trópicos), mas também em muitos outros onde antes não se registrava a presença de mosquitos.
Primeiro porque, devido o aquecimento global e a mutações envolvidas nos próprios mosquitos fizeram com que este ampliasse a sua zona de proliferação, alcançando muitos lugares onde antes ele não atingia.
Entretanto, para piorar a situação, existe um vírus transmitido por mosquitos que encontrou outra estratégia para ser multiplicar: ele consegue pular de um indivíduo para o outro sem depender da picada do mosquito!
Estamos falando do Zika vírus: ele ficou amplamente conhecido no triste ano de 2015, quando foi associado aos casos de Síndrome de Má Formação Congênita, popularmente chamada de microcefalia.
Tal fenômeno assustou em demasia não apenas a população brasileira, como também de outros países: muitas mulheres grávidas que tinham férias programas ao Brasil desistiram de viajar na época, com medo que seus bebês viessem a ser expostos ao vírus.
Depois de algum tempo que o surto ocorreu, levantou-se a dúvida: o Zika esta associado à Síndrome Congênita, mas por que apenas no Nordeste tivemos casos de má formação, sendo que em outras regiões tiveram transmissão (ainda maior)?
O Zika Vírus transmite-se pelo sexo?
A pergunta segue sem resposta, e os pesquisadores ainda estão trabalhando nisto (é um desfecho que possui não apenas o vírus, mas algum outro fator, ou fatores).
E sem dar descanso, temos o problema da transmissão sexual: o Zika, ao contrário de outros vírus transmitidos por mosquitos (como o dengue e a chikungunya) possui um tempo de viremia maior no organismo humano, ou seja, ele fica por mais tempo no sangue das pessoas.
Além disso, estudos mostram que é elevada a carga dele no esperma durante os períodos da infecção aguda, podendo ser uma explicação do porque este vírus pode ser transmitido por via sexual.
Um estudo que abordou os meios de transmissão do vírus Zika, realizado pela Universidade de Heidelberg (Alemanha) nos traz alguns dados interessantes: a distribuição do tipo de atividade sexual associada a transmissão do vírus Zika foi 96,2% relacionada a intercurso vaginal, 18,5% oral e 7,4% anal, indicando que o vírus pode concentrar sua carga tanto no esperma como nas secreções vaginais, além de ter alguma capacidade de ser transmitido pela via oral.
Quando um vírus acha uma nova via para infectar os seus hospedeiros, ele ganha pontos de sobrevivência, já que não dependerá apenas da via convencional utilizada: no caso do vírus Zika que pode ser transmitido por relação sexual (sem necessidade de mosquitos estarem circulando para chuparem o sangue de algum distraído), obriga as autoridades de saúde a investirem em novos métodos de identificação e controle.
A atenção da vigilância deve ser muito mais elaborada: faz-se necessários novas abordagens, em especial a identificação de turistas que viajam até países endêmicos para este vírus, e que podem voltar infectados e, na janela de viremia, fazer sexo com outro indivíduo e assim transmiti-lo.
Claro, além da relação sexual, os vírus que se concentram em secreções podem encontrar outras vias para novas infecções em hospedeiros susceptíveis, como transfusão de sangue, e da mãe para o feto em desenvolvimento (a transmissão pelo leite materno ainda não foi descrita).