As infecções de transmissão sexual – assim como as de transmissão por mosquitos e as de transmissão por comida contaminada – dependem de diferentes fatores envolvidos: desde a biologia e a carga do patógeno até às condições do indivíduo infectado.
Por exemplo, a carga do vírus da dengue em um mosquito tem que ser suficiente para entrar na corrente sanguínea de um determinado indivíduo, para assim ter início a sua multiplicação no organismo; da mesma maneira, a carga de Campylobacter jejuni (bactéria que causa diarréia) tem que também estar em quantidade suficiente em um determinado alimento, para, quando este for ingerido por um indivíduo, ter início a sua multiplicação e respectivo surgimento da doença.
Para ambas as enfermidades citadas no parágrafo anterior, se o indivíduo já for infectado por variante do vírus ou da bactéria citada, ele estará imune, ou seja: terá anticorpos em seu sistema imunológico que combaterá estes agentes infecciosos.
As infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) seguem a mesma dinâmica, onde se considera a carga de agente e a exposição ao indivíduo, sendo que este pode ser susceptível ou resistente: claro, aqui estamos falando de enfermidades de transmissão diretas, onde o contato se dá por secreções entre pessoas, diferente dos exemplos anteriores onde a transmissão é indireta (no caso da dengue por mosquitos do gênero Aedes; no caso da diarréia por alimento contaminado).
E ainda dentro das IST’s, têm-se também diferentes maneiras de exposição: deve-se saber que, por exemplo, o sexo anal tem grande probabilidade de contaminação, maior que o sexo vaginal, já que no primeiro tem-se maior probabilidade de traumas e fricções entre as mucosas do pênis e do ânus, aumentando as chances de agentes infecciosos caírem na circulação dos indivíduos e iniciarem sua multiplicação, causando a respectiva enfermidade.
Sexo oral também entre neste jogo: segunda as pesquisas, através dele você pode sim pegar diferentes IST’s, umas com mais chance, outras com menos chance, de acordo com a carga do agente, condição imunológica dos indivíduos envolvidos, quem é o ativo e o passivo, etc.
Por isso é que os profissionais de saúde que trabalham com IST’s (seja médico, enfermeiro, agente de saúde, terapia ocupacional) tem que ter conhecimento do corpo humano, de anatomia, de fisiologia e de como as relações sexuais desencadeiam exposições para a ocorrência de infecção, para assim poderem aconselhar da melhor maneira possível aqueles que procuram ajuda.
Sendo assim, para sexo oral primeiro deve-se entender as vias de transmissão das IST’s, estabelecendo quem pratica o sexo oral (o ativo) e quem o recebe (passivo): a literatura clínica-médica descreve que o ativo tem maiores chances de ser contaminado do que o passivo, caso exista agente infecioso em circulação - a parte de dentro da boca e a língua possuem mucosa bastante sensível, e é muito comum existirem pequenos traumas (provocado por ranhuras da arcaria dentária, ou uso de cigarros e bebidas alcóolicas, existência de cáries ou gengivites) sendo uma porta para diferentes agentes infecciosos.
O contrário – a boca infectar o órgão genital – todavia ser bem mais raro, também é possível: por exemplo, se o ativo tiver alguma ferida na mucosa da boca causada por uma IST, e esta estiver expelindo secreção com elevada quantidade de partículas do agente infeccioso (em especial as doenças sexualmente transmissíveis causadas por bactérias, como a gonorreia e sífilis).
O vírus do papiloma humano (HPV) também é um famoso agente infeccioso transmitido pelo sexo oral, tendo muitas variantes dele causam desde verrugas genitais até casos associados à canceres no colo do útero e na garganta.
Hepatite B é outra doença que se registram casos na literatura científica de transmissão por sexo oral: aqui, deve-se chamar a atenção na prática do sexo oral na região anal, pois é encontrada alta carga deste vírus nas fezes de pessoas infectadas.
Outras enfermidades que podem ser transmitidas pelo sexo oral são: a bacteriose causada pela clamídia (a IST’s mais transmitida do mundo); a virose causada por herpes; a tricomoníase causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, entre outros agentes oportunistas.
Entretanto, umas das enfermidades de natureza sexual mais temida no mundo – a AIDS, causada pelo HIV – tem sua transmissão considerada baixo risco no sexo oral, já que estudos científicos ainda não identificaram casos de transmissão exclusivamente pela oral (considere também que beijo não transmite HIV, como no caso de outras IST’s).
Mas sempre é bom lembrar: nunca se deve ficar brincando com a sorte, principalmente quando alguns fatores podem favorecer a dinâmica de transmissão do vírus, como a imunidade baixa do ativo, elevada carga viral do passivo e presença de trauma significativo na boca (carie ou afta).
Não corra riscos desnecessários, e sempre faça sexo protegido: mesmo que seja só sexo oral.